sexta-feira, 11 de julho de 2014

TEMPO


OH TEMPO QUE PASSA...
QUE MUDA TUDO QUE NELE VIVE.
QUE ENVELHECE AQUELES QUE CONVIVE.
TEMPO, FIEL DA ESPERANÇA.
DAQUELES QUE NÃO PARAM DE SONHAR.
TEMPO DA LEMBRANÇA.
DE ALGUNS BONS DIAS.
QUE PENA!!!
QUE PENA QUE NÃO POSSO VOLTAR...
...OU PASSAR.
TEMPO PARADO.
TEMPO QUE NÃO QUER PARAR.
SERÁ QUE ELE ME LEVARÁ A ALGO...
...SE QUE NO FUTURO POSSA ME ORGULHAR??
E CHEGAREI COM A CARA MODIFICADA PELO TEMPO,
JUNTO DA MINHA FAMÍLIA...
COM MUITA FELICIDADE NO CORPO E NA ALMA...
...DIZENDO PRA ELES COMO O TEMPO...
É, O TEMPO,
COMO ELE NOS ENSINA A VIVER,
APRENDER,
ENSINAR, CONVIVER.
COMO O TEMPO É O PAI DA TRANQUILIDADE,
DEPOIS DE UMA NOITE OU DUAS DE NERVOSO.
COMO ELE NOS ENSINA
AQUELES QUE ESTÃO PASSANDO POR CERTAS SITUAÇÕES PELA PRIMEIRA VEZ
E COMO ELE NOS CONFORMA
DEPOIS DE TER VIVIDO UMA VIDA TODA COM ESPERANÇA,
LEMBRANÇA,
ENSINANDO, APRENDENDO E CONVIVENDO COM OS OUTROS
E COM OS ERROS DOS OUTROS TAMBÉM
GRAÇAS A ELE
E, GRAÇAS A ELE
QUE CONSEGUI VIVER MEU TEMPO...
...COMO QUALQUER SER HUMANO
PORÉM, COM MUITO MAIS CONFIANÇA,
ESPERANÇA,
ALEGRIA
E SEI QUE VIVEREI ASSIM
ATÉ O FIM DE MEUS TEMPOS...
...ATÉ O MEU ÚLTIMO TEMPO


IZABELA PAVAN

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Peça infantil





a professora começa a se arrepender de ter concordado (”você é a única que tem temperamento para isto”) em dirigir a peça quando uma das fadinhas anuncia que precisa fazer xixi. é como um sinal. todas as fadinhas decidem que precisam, urgentemente, fazer xixi.

— está bem, mas só as fadinhas — diz a professora. — e uma de cada vez!

mas as fadinhas vão em bando para o banheiro.

— uma de cada vez! uma de cada vez! e você, onde é que pensa que vai?

— ao banheiro.

— não vai, não.

— mas tia…

— em primeiro lugar, o banheiro já está cheio. em segundo lugar, você não é fadinha, é caçador. volte para o seu lugar.

um pirata chega atrasado e com a notícia de que sua mãe não conseguiu terminar a capa. serve uma toalha?

— não. você vai ser o único de capa branca. é melhor tirar o tapa-olho e ficar de anão. vai ser um pouco engraçado, oito anões, mas tudo bem. por que você está chorando?

— eu não quero ser anão.

— então fica de lavrador.

— posso ficar com o tapa-olho?

— pode. um lavrador de tapa-olho, tudo bem.

— tia, onde é que eu fico?

é uma margarida.

— você fica ali.

a professora se dá conta de que as margaridas estão desorganizadas.

— atenção, margaridas! todas ali. você não. você é coelhinho.

— mas meu nome é margarida.

— não interessa! desculpe, a tia não quis gritar com você. atenção, coelhinhos. todos comigo. margaridas ali, coelhinhos aqui. lavradores daquele lado, árvores atrás. árvore, tira o dedo do nariz. onde é que estão as fadinhas? que xixi mais demorado!

— eu vou chamar.

— fique onde está, lavrador. uma das margaridas vai chamá-las.

— já vou.

— você não, margarida! você é coelhinho. uma das margaridas. você. vá chamar as fadinhas. piratas, fiquem quietos!

— tia, o que é que eu sou? eu esqueci o que eu sou.

— você é o sol. fica ali que depois a tia… piratas, por favor!

as fadinhas começam a voltar. com problemas. muitas se enredaram nos seus véus e não conseguem arrumá-los. ajudam-se mutuamente mas no seu nervosismo só pioram a confusão.

— borboletas, ajudem aqui! — pede a professora.

mas as borboletas não ouvem. as borboletas estão etéreas. as borboletas fazem poses, fazem esvoaçar seus próprios véus e não ligam para o mundo. a professora, com a ajuda de um coelhinho amigo, de uma árvore e de um camponês, desembaraça os véus das fadinhas.

— piratas, parem. o próximo que der um pontapé vai ser anão.

desastre: quebrou uma ponta da lua.

— como é que você conseguiu isso? — pergunta a professora sorrindo, sentindo que o seu sorriso deve parecer demente.

— foi ela!

a acusada é uma camponesa gorda que gosta de distribuir tapas entre os seus inferiores.

— não tem remédio. tira isso da cabeça e fica com os anões.

— e a minha frase?

a professora tinha esquecido. a lua tem uma fala.

— quem diz a frase da lua é, deixa ver… o relógio.

— quem?

— o relógio. cadê o relógio?

— ele não veio.

— o quê?

— está com caxumba.

— ai, meu deus. sol, você vai ter que falar pela lua. sol, está me ouvindo?

— eu?

— você, sim senhor. você é o sol. você sabe a fala da lua?

— me deu uma dor de barriga.

— essa não é a frase da Lua.

— me deu mesmo, tia. tenho que ir embora.

— está bem, está bem. quem diz a frase da lua é você.

— mas eu sou caçador.

— eu sei que você é caçador! mas diz a frase da lua! eu não quero discussão!

— mas eu não sei a frase da lua.

— piratas, parem!

— piratas, parem! certo?

— eu não estava falando com você. piratas, de uma vez por todas…

a camponesa gorda resolve tomar a justiça nas mãos e dá um croque num pirata. a classe unida avança contra a camponesa, que recua, derrubando uma árvore. as borboletas esvoaçam. os coelhinhos estão em polvorosa. a professora grita:

— parem! parem! a cortina vai abrir. todos a seus lugares. vai começar!

— mas, tia, e a frase da lua?

— “boa-noite, sol”.

— boa-noite.

— eu não estou falando com você!

— eu não sou mais o sol?

— é. mas eu estava dizendo a frase da lua. “boa-noite, sol.”

— boa-noite, sol. boa-noite, sol. não vou esquecer. boa-noite, sol…

— atenção, todo mundo! piratas e anões nos bastidores. quem fizer um barulho antes de entrar em cena, eu esgoelo. coelhinhos nos seus lugares. árvores para trás. fadinhas, aqui. borboletas, esperem a deixa. margaridas, no chão.

todos se preparam.

— você não, margarida! você é o coelhinho!

abre o pano.



Luiz Fernando Veríssimo

domingo, 22 de novembro de 2009

Pra quem sente ódio





O ódio me corre pelo sangue, esquentando qualquer vestígio de amor que me sobrou por tudo o que amei.

Parece que ele corta as minhas veias, me fazendo chorar sangue, porém, não é sangue, é uma coisa muito mais quente.

O ódio me queima por dentro, e me faz chorar por fora.

Tudo perdeu o sentido e a direção, a dor é bem menor do que o que me queima por dentro.

Que ódio é esse, meu Deus, qe só crescecada vez mais meu peito?

As vezes, para se enterrar algo imaginário, é preciso matar, trucidar, degolar, queimar, e por dim, enterrar lá no fundo, onde nossos sentimentos não cheguem, com uma camada de concreto forte, de boa vontade, outra de pedras, de esperança, e uma maior de astalto do esquecimento.

Daí sim, o ódio some, e vem, finalmente a tão esperada paz, a paz que todos procuramos encontrar um dia.

Izabela Pavan

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A LISTA




Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais...
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar...
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria
Quantos amigos você jogou fora?
Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber?
Quantas mentiras você condenava?
Quantas você teve que cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você?
Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você?

Oswaldo Montenegro

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

EU NÃO VOU ME ADAPTAR



Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia,
Eu não encho mais a casa de alegria.
Os anos se passaram enquanto eu dormia,
E quem eu queria bem me esquecia.

Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou me adaptar,me adaptar

Eu não tenho mais a cara que eu tinha,
No espelho essa cara já não é minha.
Mas é que quando eu me toquei, achei tão estranho,
A minha barba estava desse tamanho.

Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou me adaptar, me adaptar
Não vou me adaptar!
Me adaptar!

Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia,
Eu não encho mais a casa de alegria.
Os anos se passaram enquanto eu dormia,
E quem eu queria bem me esquecia.

Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou me adaptar, me adaptar
Não vou me adaptar!
Não vou!

Eu não tenho mais a cara que eu tinha,
No espelho essa cara já não é minha.
Mas é que quando eu me toquei, achei tão estranho,
A minha barba estava desse tamanho.

Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou me adaptar, me adaptar
Não vou me adaptar!
Não vou!
Não vou me adaptar!Eu não vou me adaptar!
Não vou! Me adaptar!

Arnaldo Antunes / Nando Reis

domingo, 15 de novembro de 2009

Dúvidas




Não é a mesma coisa. Sonhos, esperança, espera...!!

Tudo, tudo nos leva ao desespero.

Sentimentos partidos, ilusões acabadas, respostas de uma vida, creio eu, jamais se acabará.

Quer de dia, quer de noite, pensamentos nos atormantem, a consciência nos implora pra voltar atrás, passar por cima de orgulhos bestas e nos auto avaliar, autojulgar.

O que será que significa isso? Por que será que gostar nos traz tanto desgosto?

Sentimentos...

Como traduzir o que é o amor, o ódio, a paixão, a pena, a dó, se eles andam tão perto um do outro??

Como saber o que realmente sentimos?

E, quando chegar finalmente o fim do dia... UFA!!

Enfim podemos dormir e sonhar.

SONHAR?? Será que está certo levarmos os nossos problemas até pra cama?

Temos que repensar no que estamos fazendo de nossas vidas. Temos que aprender a viver , sem morrer a cada momento.

E o mais importante:

Temos que ser felizes, seja lá o que ou quem faça nossa felicidade, pois como dizia o grande poeta Raulzito "viver é ser feliz e nada mais" .
Izabela Pavan

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

O segredo da luz




Os olhos verdes que piscam no escuro do céu
Filho da luz, fui nascido da lua e do sol
Nas noites mais negras do ano eu mostro minha voz
Ah...Estrelas, estrelas
As estrelas elas brilham como eu !
As nuvens vagueiam no espaço sem lar nem raiz
O ódio não é o real é a ausência do amor
Ao fim é um grande oceano, mãe, mãe filho e luz...
Hum...Estrelas, estrelas
As estrelas elas brilham como nós !

As trevas da noite assustam escondendo o segredo da luz
Da luz que gargalha do medo do escuro
Que é quando os meus olhos não podem enxergar
Dia, noite
Se é dia sou dono do mundo e me sinto filho do sol
Se é noite eu me rendo às estrelas em busca de um farol
Estrelas, estrelas
As estrelas brilham como eu...

Raul Seixas